A exploração plástica da arquitetura tem alguns espaços de experimentação possíveis dentro da prática de projeto. Propor formas, implantações e composições diversas é uma estratégia que ganha muito quanto aliada à investigação material nas obras. O vidro é um material que permite lidar com alguns dos componentes centrais do pensamento da arquitetura, isto é, iluminação natural, transparência e opacidade de superfícies, suspensão de limites espaciais e as relações visuais que se estabelecem entre partes de um edifício.
Quando deslocado de sua concepção imediata de uso enquanto janela, o vidro pode representar estratégias para lidar com situações complexas de trabalho, enriquecer a qualidade espacial de um projeto ou, ainda, servir como elemento de equilíbrio entre noções de peso e leveza a partir de sua combinação com outros materiais como aço, madeira e concreto.
Na história da arquitetura, esse material ocupou espaço de destaque em termos de inovação a partir do discurso de alguns nomes ilustres, como o do arquiteto alemão Mies Van der Rohe com sua máxima "menos é mais" que, em muitos casos, se relaciona diretamente ao hábil emprego de panos de vidro em seus projetos, nos mais diversos programas. No caso das residências, o vidro ganha um novo e provocativo sentido de aplicação, já que se trata de um programa que invariavelmente lida com as noções de privacidade e exposição, público e privado, íntimo e comum, ou seja, de pares mediados por uma reflexão espacial que se materializa nas superfícies. Nessa leitura, o vidro permite o grau máximo de transparência que um material pode atingir, ao mesmo tempo que, em suas versões leitosas, consegue atingir um grande espectro de de opacidade diversas.
Veja, a seguir, alguns exemplos de casas brasileiras que exploram esse material diáfano de variadas formas: